terça-feira, 25 de agosto de 2009

Envivecendo

Oi, pessoas! Essas foram as impressões que eu tirei de uma experiência muito bacana entrevistando idosos. Vale a pena conferir!

Envivecendo

Um dia eu já fui criança. Mesmo sem ter chutado bola ou embalado um bebê de plástico nos braços. Mesmo sem ter me afundado numa poltrona, passando horas vendo uma chuva de cores e som, de imagens se movimentando numa tela plana.

Um dia eu já fui jovem. Mesmo sem ter caído na noite, dançando madrugada a dentro numa profusão de corpos, gestos, bocas, pernas, mãos e braços, trocando abraços, beijos, risos, palavras vazias, tantas carícias frias, em vão. Mas eu também já senti o rubor na face ao cruzar os olhos com os de alguém. Já fui jovem do tempo em que se fazia a corte, se beijava na mão, se oferecia um sorriso e uma flor. Do tempo em que ninguém tinha vergonha de revelar o seu amor. Do tempo em que se dançava olhando nos olhos e o encontro de duas bocas vinha depois do encontro entre dois corações.

Mas não pensem que nunca me apaixonei. Que nunca fiz loucuras por alguém. Aliás, são tantas as minhas histórias que se tivesse tempo de ouvi-las, veria não faria nem a metade das coisas que já fiz por amor. Minha juventude não podia se levantar contra a igreja, os pais, o estado ou quem quer que fosse e simplesmente dizer “Não”. Como não podíamos falar, tínhamos que agir. Fugir, casar escondido, começar a vida do zero, sem um tostão no bolso, apenas contando um com o outro. Força, ação, coragem, coração. Hoje a juventude ganha no grito. E só quer casar se tiverem onde morar e um carro na garagem. Nem que seja às custas dos pais. No final das contas, tudo se ajeita.

Um dia eu fui adulta, na mesma idade em que vocês chamam de adolescência. Para nós não tinha intermediário. Apenas o altar e o compromisso separavam a criança do adulto. Então eu cresci, amadureci. Casa, filhos, trabalho, como tinha de ser. Netos, bisnetos... ah, como o tempo passa! Como tudo é diferente agora!

Hoje o peso da idade recai sobre mim. Meu corpo já não responde com tanto vigor aos anseios da mente. Experimentar a vida e sorver dela suas dores e delícias é o que a faz tão grandiosa.
Crescer é inevitável. Envelhecer é opcional. Mas ser feliz... ser feliz é fundamental. É curtir todas as fases da vida, afinal cada momento só existe uma vez. Remoer o passado não o traz de volta, e mesmo se trouxesse eu não o queria. Simplesmente porque o “agora” é presente, em todos os sentidos. Hoje tenho mais experiência, já aprendi e ensinei muita coisa ao longo da minha existência. Ouso dizer que aprendi a dar mais vida à minha vida.

Hoje me chamam de velha, vovó, coroa, ultrapassada, gagá, entre tantos outros mimos. E quando tantos jovens ouvem, sem querer, as minhas histórias e acham que estou envelhecendo, eu olho para eles, e penso: envelhecendo? Não. Estou envivecendo.


Por Viviane Pascoal Dantas

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

JL e eu: uma história de amor!

Sou contadora de histórias reais. Por isso vou começar contando como foi que isso aconteceu comigo! Estava eu, Viviane Pascoal, muito bem criando milhões de histórias incríveis, e escrevendo, claro, quando fui picada pelo vírus da realidade. De repente percebi que as pessoas reais tinham histórias bem mais interessantes para contar. Era isso o que eu queria quando fui parar no curso de jornalismo.

Aprendi a contar a história esmagada em um parágrafo, fingindo que eu-repórter naõ existia. Não pensava, nem sequer estava ali. Simplesmente reportava. Mas minha essência irremediavelmente criativa não deixou isso acontecer. Eu queria contar histórias sim, mas com arte. A literatura ainda pulsava forte em mim. A solução veio no último ano de faculdade: contei uma história real, com linguagem literária. A história de uma família nordestina, tão comum que a gente não vê, virou livro. Vidas em Retalhos: tecendo os fios da invisibilidade social, meu primeiro filho.

Foi assim que eu conheci o jornalismo literário. Olhei, me apaixonei, iniciei um namoro. E olha só, meu "namorado" tinha uma academia. Não dessas de malhar o corpinho, mas Academia Brasileira de Jornalismo Literário. Um local para se malhar a mente, exercitar o olhar humano sobre a vida e a escrita literária sobre o jornalismo. Aprendi a amar até mesmo os desafios que ele propunha. No final da especialização eu disse "sim", assumindo o compromisso de escrever e humanizar o real. Do envolvimento com o jornalismo literário já nasceram alguns frutos: reportagens especializadas, perfis, e até um site! www.redacaointegrada.com.br, que logo estará no ar, com a missão de contar ainda mais histórias.

Se seremos felizes para sempre? Não sei, e que graça teria saber? Não é o desafio de não saber o que será do próximo segundo que faz a vida interessante? Ora, ninguém sabe quando o telefone vai tocar, quando um grande amor vai tropeçar em você pela rua, ou quando a sua história vai virar livro! Tudo pode acontecer. A única certeza é que hoje eu escrevo um pouquinho mais da minha própria história. E espero contar a sua também!
Conte comigo!
viviane_jornalismo@yahoo.com.br