segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ponte para Terabítia

Lembra quando não precisávamos de nada para fazer nossa imaginação criar asas e explorar universos desconhecidos? Quando não precisávamos de imagens prontas (e digitalizadas), era apenas imagem em ação dentro da gente, fazendo pulsar mais forte o coração. Vivíamos em uma terra que agora parece distante, chamada "infância", quando tínhamos tempo de sobra para ser feliz. Um lugar que Katherine Paterson chamou de Terabítia. Seu livro nos ajuda a construir uma ponte até lá...

Acompanhe!

Ponte para Terabítia: um universo particular

Realidade e fantasia convivem bem no livro “Ponte para Terabítia”, de Katherine Paterson. Não foi a genialidade lingüística ou as técnicas literárias aplicadas, que fez da obra um bestseller ganhador de 7 prêmios internacionais desde a sua primeira edição em 1977. Foi a sensibilidade com que abordou o lado mais particular do ser humano: sua imaginação.
Quem, diante de um conflito, nunca teve vontade de fugir para um lugar mágico, onde tivesse o poder de derrotar qualquer inimigo, com uma força sobre-humana? Na obra, esse lugar é Terabítia, um reino criado por Leslie Burke e Jesse Aarons, dois amigos que enfrentam juntos o desafio de sobreviver à 5ª série.
Jesse é um garoto tímido do interior dos EUA, que vive com os pais e a numerosa família em sérias dificuldades financeiras. Entre a escola e as intermináveis tarefas domésticas, Jesse se dedica ao desenho, como forma de expressar sua criatividade sufocada. Crescendo em um ambiente hostil, tanto em casa quanto na escola, tudo o que ele quer é ser o campeão de corrida da turma. Ele só não consegue esse feito graças à recém-chegada Leslie Burke, filha de escritores e dotada de uma imaginação incomum.
Excluídos, e considerados os esquisitos da turma, Jesse e Leslie são alvos fáceis para os valentões da turma, Janice Avery e Gary Fulcher, em uma clara referência da autora ao “bullying”, o ato de hostilizar, intimidar, agredir ou humilhar alguém para sentir-se forte ou superior. O fenômeno, que já é estudado desde a década de 1970 e só agora pareceu atrair a atenção da mídia, é o que marca a vida dos protagonistas Jesse e Leslie. Mas é depois da aula que a aventura começa.
Quando descem do ônibus escolar, a dupla alcança o pequeno riacho que divide os dois lados de um bosque. A travessia é feita por uma corda pendurada no alto de uma árvore. É quando eles deixam o mundo real para entrar em Terabítia, o lugar onde só pode entrar quem tem o coração puro e mente aberta. A autora faz uma referência à ilha de Terabinthia, que existe no mundo fictício de Nárnia, cenário de “O príncipe Cáspian” e a “Viagem do Pelegrino da Alvorada”, de Clive Staples Lewis. É lá, no reino de Terabítia, que Jesse e Leslie aprendem a vencer obstáculos, encarar seus medos e enfrentar seus inimigos, que são, na verdade, projeções colegas que os aterrorizavam na escola.
Apesar de todas as aventuras vividas em Terabítia, o que verdadeiramente impulsiona Jesse a crescer é a morte. Em um dia mágico para Jesse, quando a professora Miss Edmunds, por quem o garoto nutre uma paixão platônica, o convida para um passeio ao museu da cidade, Leslie decide ir à Terabítia sozinha. Mas a corda se rompe com a força da chuva e as águas do riacho se avolumam, já agitadas, levando o corpo de Leslie correnteza abaixo.
Neste ponto, o livro extrapola os limites da narrativa infantil e ganha um tom mais melancólico e reflexivo. Jesse convive com a culpa de não ter chamado Leslie para o passeio, sofre com a perda da única amiga, depara-se com a vida real como ela é, sem fantasia. Consegue assim, aproximar-se do pai, com quem tinha um relacionamento difícil, e da irmã mais nova, May Belle, que sempre tentava participar de suas aventuras. É o coração puro da menina de 5 anos que faz com que Jesse construa uma ponte unindo os dois lados do rio, uma ponte para Terabítia, e condecora a irmã, a princesa do seu reino mágico.
Construindo a ponte, Jesse reencontra o caminho para o sonho perdido, para o lugar secreto dentro dele mesmo, onde ele pode se sentir mais forte e seguro para enfrentar os desafios da vida real. E incluindo a irmã neste sonho, está convidando-a a fazer parte de seu mundo e ensinar a ela tudo o que aprendeu com Leslie.
A linguagem e a presença do universo da criança podem ser típicas da literatura infantil, mas a narrativa propõe reflexões que se aplicam à vida humana sem restrições de idade, classe social ou nacionalidade. Amizade, relacionamento familiar, bullying, medos e sonhos são instrumentos crescimento interior de qualquer pessoa, e mostram que a cada um cabe o papel de encontrar em si, o próprio porto seguro, construindo a sua ponte para Terabítia.

.Curiosidades:

- Ponte para Terabítia foi uma forma que a autora encontrou para consolar seu filho, David, depois da morte trágica de sua melhor amiga.

- O livre teve a primeira adaptação para a TV no ano de 1985 e em no cinema, foi lançado nos Estados Unidos no ano de 2007.

Um comentário:

  1. eu tenho akgumas duvidas quanto ao livro...
    -quando foi publicada a versão em portugues?
    -Em que epoca acontece a historia?
    -Quanto tempo a historia dura?

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