quarta-feira, 13 de julho de 2011

segunda-feira, 9 de novembro de 2009

Ponte para Terabítia

Lembra quando não precisávamos de nada para fazer nossa imaginação criar asas e explorar universos desconhecidos? Quando não precisávamos de imagens prontas (e digitalizadas), era apenas imagem em ação dentro da gente, fazendo pulsar mais forte o coração. Vivíamos em uma terra que agora parece distante, chamada "infância", quando tínhamos tempo de sobra para ser feliz. Um lugar que Katherine Paterson chamou de Terabítia. Seu livro nos ajuda a construir uma ponte até lá...

Acompanhe!

Ponte para Terabítia: um universo particular

Realidade e fantasia convivem bem no livro “Ponte para Terabítia”, de Katherine Paterson. Não foi a genialidade lingüística ou as técnicas literárias aplicadas, que fez da obra um bestseller ganhador de 7 prêmios internacionais desde a sua primeira edição em 1977. Foi a sensibilidade com que abordou o lado mais particular do ser humano: sua imaginação.
Quem, diante de um conflito, nunca teve vontade de fugir para um lugar mágico, onde tivesse o poder de derrotar qualquer inimigo, com uma força sobre-humana? Na obra, esse lugar é Terabítia, um reino criado por Leslie Burke e Jesse Aarons, dois amigos que enfrentam juntos o desafio de sobreviver à 5ª série.
Jesse é um garoto tímido do interior dos EUA, que vive com os pais e a numerosa família em sérias dificuldades financeiras. Entre a escola e as intermináveis tarefas domésticas, Jesse se dedica ao desenho, como forma de expressar sua criatividade sufocada. Crescendo em um ambiente hostil, tanto em casa quanto na escola, tudo o que ele quer é ser o campeão de corrida da turma. Ele só não consegue esse feito graças à recém-chegada Leslie Burke, filha de escritores e dotada de uma imaginação incomum.
Excluídos, e considerados os esquisitos da turma, Jesse e Leslie são alvos fáceis para os valentões da turma, Janice Avery e Gary Fulcher, em uma clara referência da autora ao “bullying”, o ato de hostilizar, intimidar, agredir ou humilhar alguém para sentir-se forte ou superior. O fenômeno, que já é estudado desde a década de 1970 e só agora pareceu atrair a atenção da mídia, é o que marca a vida dos protagonistas Jesse e Leslie. Mas é depois da aula que a aventura começa.
Quando descem do ônibus escolar, a dupla alcança o pequeno riacho que divide os dois lados de um bosque. A travessia é feita por uma corda pendurada no alto de uma árvore. É quando eles deixam o mundo real para entrar em Terabítia, o lugar onde só pode entrar quem tem o coração puro e mente aberta. A autora faz uma referência à ilha de Terabinthia, que existe no mundo fictício de Nárnia, cenário de “O príncipe Cáspian” e a “Viagem do Pelegrino da Alvorada”, de Clive Staples Lewis. É lá, no reino de Terabítia, que Jesse e Leslie aprendem a vencer obstáculos, encarar seus medos e enfrentar seus inimigos, que são, na verdade, projeções colegas que os aterrorizavam na escola.
Apesar de todas as aventuras vividas em Terabítia, o que verdadeiramente impulsiona Jesse a crescer é a morte. Em um dia mágico para Jesse, quando a professora Miss Edmunds, por quem o garoto nutre uma paixão platônica, o convida para um passeio ao museu da cidade, Leslie decide ir à Terabítia sozinha. Mas a corda se rompe com a força da chuva e as águas do riacho se avolumam, já agitadas, levando o corpo de Leslie correnteza abaixo.
Neste ponto, o livro extrapola os limites da narrativa infantil e ganha um tom mais melancólico e reflexivo. Jesse convive com a culpa de não ter chamado Leslie para o passeio, sofre com a perda da única amiga, depara-se com a vida real como ela é, sem fantasia. Consegue assim, aproximar-se do pai, com quem tinha um relacionamento difícil, e da irmã mais nova, May Belle, que sempre tentava participar de suas aventuras. É o coração puro da menina de 5 anos que faz com que Jesse construa uma ponte unindo os dois lados do rio, uma ponte para Terabítia, e condecora a irmã, a princesa do seu reino mágico.
Construindo a ponte, Jesse reencontra o caminho para o sonho perdido, para o lugar secreto dentro dele mesmo, onde ele pode se sentir mais forte e seguro para enfrentar os desafios da vida real. E incluindo a irmã neste sonho, está convidando-a a fazer parte de seu mundo e ensinar a ela tudo o que aprendeu com Leslie.
A linguagem e a presença do universo da criança podem ser típicas da literatura infantil, mas a narrativa propõe reflexões que se aplicam à vida humana sem restrições de idade, classe social ou nacionalidade. Amizade, relacionamento familiar, bullying, medos e sonhos são instrumentos crescimento interior de qualquer pessoa, e mostram que a cada um cabe o papel de encontrar em si, o próprio porto seguro, construindo a sua ponte para Terabítia.

.Curiosidades:

- Ponte para Terabítia foi uma forma que a autora encontrou para consolar seu filho, David, depois da morte trágica de sua melhor amiga.

- O livre teve a primeira adaptação para a TV no ano de 1985 e em no cinema, foi lançado nos Estados Unidos no ano de 2007.

terça-feira, 25 de agosto de 2009

Envivecendo

Oi, pessoas! Essas foram as impressões que eu tirei de uma experiência muito bacana entrevistando idosos. Vale a pena conferir!

Envivecendo

Um dia eu já fui criança. Mesmo sem ter chutado bola ou embalado um bebê de plástico nos braços. Mesmo sem ter me afundado numa poltrona, passando horas vendo uma chuva de cores e som, de imagens se movimentando numa tela plana.

Um dia eu já fui jovem. Mesmo sem ter caído na noite, dançando madrugada a dentro numa profusão de corpos, gestos, bocas, pernas, mãos e braços, trocando abraços, beijos, risos, palavras vazias, tantas carícias frias, em vão. Mas eu também já senti o rubor na face ao cruzar os olhos com os de alguém. Já fui jovem do tempo em que se fazia a corte, se beijava na mão, se oferecia um sorriso e uma flor. Do tempo em que ninguém tinha vergonha de revelar o seu amor. Do tempo em que se dançava olhando nos olhos e o encontro de duas bocas vinha depois do encontro entre dois corações.

Mas não pensem que nunca me apaixonei. Que nunca fiz loucuras por alguém. Aliás, são tantas as minhas histórias que se tivesse tempo de ouvi-las, veria não faria nem a metade das coisas que já fiz por amor. Minha juventude não podia se levantar contra a igreja, os pais, o estado ou quem quer que fosse e simplesmente dizer “Não”. Como não podíamos falar, tínhamos que agir. Fugir, casar escondido, começar a vida do zero, sem um tostão no bolso, apenas contando um com o outro. Força, ação, coragem, coração. Hoje a juventude ganha no grito. E só quer casar se tiverem onde morar e um carro na garagem. Nem que seja às custas dos pais. No final das contas, tudo se ajeita.

Um dia eu fui adulta, na mesma idade em que vocês chamam de adolescência. Para nós não tinha intermediário. Apenas o altar e o compromisso separavam a criança do adulto. Então eu cresci, amadureci. Casa, filhos, trabalho, como tinha de ser. Netos, bisnetos... ah, como o tempo passa! Como tudo é diferente agora!

Hoje o peso da idade recai sobre mim. Meu corpo já não responde com tanto vigor aos anseios da mente. Experimentar a vida e sorver dela suas dores e delícias é o que a faz tão grandiosa.
Crescer é inevitável. Envelhecer é opcional. Mas ser feliz... ser feliz é fundamental. É curtir todas as fases da vida, afinal cada momento só existe uma vez. Remoer o passado não o traz de volta, e mesmo se trouxesse eu não o queria. Simplesmente porque o “agora” é presente, em todos os sentidos. Hoje tenho mais experiência, já aprendi e ensinei muita coisa ao longo da minha existência. Ouso dizer que aprendi a dar mais vida à minha vida.

Hoje me chamam de velha, vovó, coroa, ultrapassada, gagá, entre tantos outros mimos. E quando tantos jovens ouvem, sem querer, as minhas histórias e acham que estou envelhecendo, eu olho para eles, e penso: envelhecendo? Não. Estou envivecendo.


Por Viviane Pascoal Dantas

quarta-feira, 19 de agosto de 2009

JL e eu: uma história de amor!

Sou contadora de histórias reais. Por isso vou começar contando como foi que isso aconteceu comigo! Estava eu, Viviane Pascoal, muito bem criando milhões de histórias incríveis, e escrevendo, claro, quando fui picada pelo vírus da realidade. De repente percebi que as pessoas reais tinham histórias bem mais interessantes para contar. Era isso o que eu queria quando fui parar no curso de jornalismo.

Aprendi a contar a história esmagada em um parágrafo, fingindo que eu-repórter naõ existia. Não pensava, nem sequer estava ali. Simplesmente reportava. Mas minha essência irremediavelmente criativa não deixou isso acontecer. Eu queria contar histórias sim, mas com arte. A literatura ainda pulsava forte em mim. A solução veio no último ano de faculdade: contei uma história real, com linguagem literária. A história de uma família nordestina, tão comum que a gente não vê, virou livro. Vidas em Retalhos: tecendo os fios da invisibilidade social, meu primeiro filho.

Foi assim que eu conheci o jornalismo literário. Olhei, me apaixonei, iniciei um namoro. E olha só, meu "namorado" tinha uma academia. Não dessas de malhar o corpinho, mas Academia Brasileira de Jornalismo Literário. Um local para se malhar a mente, exercitar o olhar humano sobre a vida e a escrita literária sobre o jornalismo. Aprendi a amar até mesmo os desafios que ele propunha. No final da especialização eu disse "sim", assumindo o compromisso de escrever e humanizar o real. Do envolvimento com o jornalismo literário já nasceram alguns frutos: reportagens especializadas, perfis, e até um site! www.redacaointegrada.com.br, que logo estará no ar, com a missão de contar ainda mais histórias.

Se seremos felizes para sempre? Não sei, e que graça teria saber? Não é o desafio de não saber o que será do próximo segundo que faz a vida interessante? Ora, ninguém sabe quando o telefone vai tocar, quando um grande amor vai tropeçar em você pela rua, ou quando a sua história vai virar livro! Tudo pode acontecer. A única certeza é que hoje eu escrevo um pouquinho mais da minha própria história. E espero contar a sua também!
Conte comigo!
viviane_jornalismo@yahoo.com.br